INTRODUÇÃO
Um grave problema ocorre com frequência nos revestimentos cerâmicos: o desplacamento (destacamento) de placas assentadas em pisos e paredes. Muitas vezes essa patologia ocorre em obras recém-entregues e na maioria das vezes com menos de 1 ano da data de aplicação.
Como podemos evitar esses problemas e quais as causas?

Em pesquisa encomendada pelo SindusCon–SP (2016), identificou-se em mais de 66 obras de 19 construtoras os problemas de desplacamento. O que mais assusta é que 81,8% dos casos, o estufamento do revestimento ocorreu até o segundo ano. Sendo, 51,5% no primeiro ano e os outros 30,3% entre o primeiro e o segundo ano.

As causas patológicas ocorrem devido a desobediência às normas de placas cerâmicas, dentre essas, podemos destacar:
a) falhas técnicas da mão de obra do assentamento
b) falhas de fabricação das placas
c) falha no substrato em que a placa é assentada
d) falhas nas argamassas de assentamento
e) falha de especificação no projeto
f) falhas nos rejuntamentos
g) ações externas ao sistema de revestimento
CAUSAS E PROCEDIMENTOS
Como o tema é extenso, iremos separa-los em 02 partes. Na primeira englobaremos os problemas decorrentes de falhas de mão de obra, já na segunda, os problemas causados por falhas de materiais e demais causas.
- SUBSTRATO
A boa qualidade da superfície do substrato onde vai ser aplicada a cerâmica é fundamental para garantir sua adesividade. A mesma deve ser isenta de poeira, possuir planicidade e boa resistência superficial.
Se a argamassa colante for aplicada sobre concreto, deve-se limpar possíveis desmoldantes que ficaram aderidos ao concreto.
Além disso, a superfície não pode ter alta porosidade, pois permite rápida absorção de água da argamassa. Nesse caso deve-se realizar umidificação prévia.
- TEMPO EM ABERTO
Segundo a norma NBR14081 (Argamassa colante industrializada para assentamento de placas cerâmicas Parte 3) a definição do “tempo em aberto” é definido como: “maior intervalo de tempo no qual uma placa cerâmica pode ser assentada sobre a pasta de argamassa colante”.
Esse tempo é medido desde o término da preparação da argamassa, após o tempo de maturação definido pelo fabricante, até a formação de uma superfície sem pegajosidade. Esse tempo em aberto das argamassas colantes é muito importante e em hipótese alguma, o revestimento cerâmico pode ser assentado após esse tempo exceder.
O tempo em aberto normativo é definido em condições ideais de laboratório e na prática, o tempo em que a argamassa mantém sua capacidade de propiciar aderência pode ser reduzido drasticamente, em função das condições de temperatura ambiente, insolação direta e velocidade do vento incidentes nas placas. Em média, uma argamassa que possui tempo em aberto de 20 minutos, especificado pelo fabricante, considera-se 5 minutos na prática em condições críticas.
Por este motivo, é aconselhável a preparação de pequenas quantidades de argamassa colante. A aplicação simultânea em grandes áreas pode resultar no estouro do “tempo em aberto”, criando o fenômeno do “peeling”, ou seja, formação de uma película superficial sem capacidade de aderência.
Percebe-se isso na prática quando a argamassa não “suja” os dedos do operador quando tocada.

Além disso, existe outra maneira de observar se o tempo em aberto foi excedido, o qual consiste em arrancar a cerâmica com a argamassa fresca, observando se o verso da mesma sai “limpa” ou se a argamassa ainda está aderida. Se o verso sair “limpo”, o tempo em aberto foi ultrapassado.
- PRESSÃO, DESLISAMENTO e ALINHAMENTO DAS JUNTAS
Com intuito de garantir um bom assentamento, é necessário aplicar pressão adequada sobre a cerâmica e realizar um leve deslizamento no sentido perpendicular aos cordões da argamassa. Essa operação é essencial para facilitar o espalhamento e a aderência dos filetes de argamassa sobre o revestimento.
Ademais, para viabilizar a correta trabalhabilidade de possíveis dilatações das peças, é necessário respeitar o alinhamento e espessuras das juntas.

- ENGOBE
Engobe é uma substância, geralmente branca, encontrada no verso das placas cerâmicas, geralmente pulverulentas, que causa uma barreira entre a placa cerâmica e a argamassa colante, impedindo a aderência.
Para impedir a formação desta barreira, recomenda-se que o verso das placas cerâmicas seja limpo previamente à aplicação, removendo o engobe existente.

- DUPLA COLAGEM DA CERÂMICA
O método de aplicação de argamassa colante na base e na peça é conhecido como dupla colagem. Essa técnica de aplicação é atípica e muitas vezes não é utilizada visando economia e maior velocidade de assentamento, entretanto, é necessária para mitigar os problemas patológicos.
Segundo pesquisa da SindusCon–SP (2016), realizada com construtoras, dentre todos os problemas patológicos cerâmicos detectados, 72,7% dos casos não tinham dupla colagem.

CONCLUSÃO
Para garantir uma obra bem executada, é essencial a contratação de mão de obra qualificada. A elaboração de projetos e acompanhamento de um engenheiro garantem os padrões exigidos em normas e mitigam problemas patológicos futuros.
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